Presente da Aly

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Íris Pereira

O dia a dia







            Um buraco enorme que vamos tirando areia e quanto mais nos enfiamos nele mais ficamos solitários, mas também descobrimos que o nosso vizinho também está cavando o seu. A unica coisa que levamos conosco é o computador e o celular as duas coisas que nos liga ao mundo real. Enquanto vou cavando, minhas lembranças me cutucam, limpo a testa de suor frio, nem sei se quero continuar cavando ou parar para lembrer o que está vindo de tão, tão distante...
-Mãe deixe eu ir assistir o filme de tarzan , tá passando no moderno e tio macário deixa eu entrar de graça, deixa mãe, deixa?
-Vai varrer a casa Iris, depois lavar a louça e ainda tem a lição de casa. Fique ai pensando em cinema que vai passar de ano na porta da escola.
-Ha! Mãe, eu faço tudo nessa casa, faço todas as lições, nunca repeti de ano e tudo que eu peço é assim, nunca deixa eu ir pra lugar nenhum, nisto sinto um dor na cabeça, nada mais é do que um croque bem dado por responder. Saiu correndo com medo de tomar outros e providencio fazer meus deveres, afinal tenho 14 anos, sou uma moça relativamente livre, pois todos os sábados vou ao cinema, bem verdade não tenho namorado, sou vigiada por 6 pares de olhos bem atentos, mal sabem ele que na verdade eu nem penso nisto de sexo.Ha! que vida que era vivida com vontade, nas férias ia pro sítio. Minha liberdade!!!!!!!!!!
               Dou mais uma cavada no buraco, cada vez mais fundo mais ainda vejo a padaria, o supermercado e a garagem onde fica guardado a maior parte do tempo meu carro, pois nas folgas, que folgas antes de cavar costumava ir ao cinema, teatro, à casa de amigos, dos meus parente, a casamentos, formaturas, comícios, votar, ferias! Eu tinha férias e gostava de viajar. Eram tantas coisas que aconteciam, eu tinha amor, paixão, ternura, agora vejo que estou mais fria, as noticias não me abalam mais como antes, as novelas não me intrigam mais, sempre sei o resultado final. Ler eu gosto, mas estou ocupada em cavar e deixo sempre o livro marcado na mesa de cabeceira, mas tenho que cavar, estou cansada, mas quem se importa? Bom eu que deveria me importar, mas porque? Ia fazer caminhada e sorria e cumprimentava os que por mim passavam, hoje  não posso parar e corro ao ver outras pessoas, desconfio de todos. Quero e tenho que dar um telefonema, mas vou adiando, se fosse como ante eu escreveria uma carta, há! As cartas, eu amava escrever cartas para amigos, pessoas que estavam longe, ainda ia até o centro colocar a carta no correio, hoje não preciso disto, eu cavo, cavo, deu-me sede fui beber agua, passei enfrente ao espelho da sala de jantar, me vi e voltei, tomei um susto! Como estou velho e cansado, será de tanto cavar? Vi meu cabelos já mais curtos e lembrei-me do meu primeiro namorado, ele sabia melhor que ninguém passar as mãos pelos meus cabelos, os pegava como se fossem flores e na hora de me beijar? Aí! Aí! Eram tão suaves seus lábios e tinha gosto de bem querer o seu beijo. Ora estou eu a lembrar coisas em vez de ir cavar. Ao passar pela janela vejo meu vizinho também a cavar e está com pressa, pois nem sua gravata amarrou ainda e está com uma xícara na mão bebendo de pé seu café matinal, seus filhos correm para o carro todos atrasados para serem levados a aprenderem a cavar. Tomo minha agua, olha dentro da geladeira, mas nada me apetece, volto então a cavar, penso no caminho de volta até o buraco se eu deveria fazer outra tentativa de algo novo, mas o que? Tem algo novo? Realmente novo? Devo ligar a tv e ver se aconteceu algo de novidade boa? Não! Melhor não, vou cavar meu buraco onde com certeza não terei nenhuma surpresa agradável ou desagradável. Lá não corro o risco de me chatear, como não? Tantas vezes já me chateei por tentar entender  os buracos, os dos outros porque o meu também está ficando difícil de me entender com ele.
               Cansei é madrugada já mesmo assim não tenho sono, uma vontade de dormir ali mesmo,mas ainda tenho obrigações, não sou responsável só pelo meu buraco, tenho que conviver com outras seres que se dizem humanos, tenho que conviver nem que seja por educação com outros habitantes da minha casa onde estou cavando meu buraco.
                Íris Pereira

2 comentários:

Íris Pereira de Souza disse...

Este texto ofereço a um amigo que está cavando um enorme buraco, mas que não se deu conta ainda em que fundura está.
Espero de todo coração que ele volte à realidade a tempo. Espere! Tempo de que? De ver eu cavando o meu próprio buraco também?
Íris Pereira.
14/05/2011

Paulo Laurindo disse...

O negócio é não cavar muitos buracos, senão a casa vai ficar esburacada e difícil transitar. Cavar um bom buraco, escorar bem as laterais que é para não correr o risco de sofrer um desabamento e continuar a obra até chegar do outro lado, na terra do sol nascente, é tarefa da qual nós não nos podemos furtar. Vá lá que encontre um tesouro arqueológico?!
Sem alguma peraltice que seria desta vida tão curta?

Sobre a Autora

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Ribeirão Preto, SP, Brazil
3 partes de uma mulher: Maria da qual escrevo seu passado, seus sentimentos e suas verdades. Irismar já sem a Maria, companheira, amante, irmã, mãe, avó, sogra e amiga. Finalmente Iris a parte que reflete sobre as duas e tenta escrever o que descobre entender destas duas mulheres que são tão diferentes.

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