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Íris Pereira

O Tempo Carregou


O TEMPO CARREGOU - Por Mundim do Vale

Se eu pudesse engatar
Uma ré na minha vida,
Talvez fosse me lembrar
De muita coisa esquecida.
De menino obediente,
Do terço de penitente
E a cigana com mentira.
Do refresco de umbu,
Bolo de caco e beiju
E do mel de jandaíra.

Sem saber contar dinheiro
Nem conhecer inflação,
Me crismar no Juazeiro
Com o bom Frei Damião.
Comer banana do cacho,
Pular dentro do riacho
E descer na correnteza.
Depois negar a história,
Pensando na palmatória
Que não saía da mesa.

Correr pra cima da serra
Com medo de avião,
Pensando que era a guerra
Chegando lá no sertão.
Brincar de maneiro pau,
Tomar leite no curral
E comer cuscuz com nata.
Perturbar velha fiando,
Minha avó me ameaçando
De chamar o pai da mata.


Dar mote pra violeiro
Sem ter no bolso um tostão,
Acompanhar o tropeiro
Que carrega o algodão.
Vê as caboclas fiando,
Um adjunto cantando
E o carro de boi andar.
Cantar hino no natal,
Fazer o pelo sinal
Na hora de me deitar.

Comer rapa de gamela
Nos engenhos do lugar,
Furar cuia com sovela
Para depois costurar.
Dormir as vezes com sede
Pra não urinar na rede
E acordar com dordói.
Ligar um rádio de pilha,
Para ouvir a maravilha
Do programa do Elói.

Levar o almoço pra roça
E caçar de baladeira,
Pegar bigu em carroça
Vender pitomba na feira
Num jegue carregar lenhas,
Andar no meio das brenhas
Sem ter um itinerário.
Acompanhar procissão
E depois da comunhão
Bejar a mão do vigário.

Caminhando sempre ao léu
Subindo em cima da serra,
Pensando em ver o céu
Emendado com a terra.
Pagar promessa com fé,
Indo a pé ao Canindé
Na festa de São Francisco.
Uma viagem arriscada,
Mas com a graça alcançada
Não passar por nenhum risco.
Todo começo tem fim
É da própria natureza,
Se deixa saudade em mim
No sertão deixa tristeza.
Você sabe eu também sei,
Que tudo que aqui falei
Só uma parte ficou.
Mas com a lembrança eu vejo,
Todo valou sertanejo
Que o tempo carregou.
Mundim do Vale

Um comentário:

Antonio Alves de Morais disse...

Prezada Iris.

Este poema do Mundim do Vale é deferas muito bom.

Li no Ponta da Serra o seu belo texto sobre a verve do pai Mané. Eu conheço um pouco do Pai Mané. Voce sabe que por lá morava um camarada chamado Rochinha? Que esse caboclo era meio atrapalhado na conversa? Era casado com uma senhora de nome Jesus e um belo dia ele foi a cidade comprar um tecido para mandar fazer um vestido para mulher e se deu esta prosa com o dono da Loja: Eu quero um tecido para fazer um vestido para Jesus botar na fogueira, que ela está nuinha e João está em cima! Traduzindo - Um vestido para usar na noite de fogueira, que São joão está proximo.

Sobre a Autora

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Ribeirão Preto, SP, Brazil
3 partes de uma mulher: Maria da qual escrevo seu passado, seus sentimentos e suas verdades. Irismar já sem a Maria, companheira, amante, irmã, mãe, avó, sogra e amiga. Finalmente Iris a parte que reflete sobre as duas e tenta escrever o que descobre entender destas duas mulheres que são tão diferentes.

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