Presente da Aly

Presente da Aly
Lindo! Lindo.

DICAS

Caro leitor ao visitar o blog, seja mais curioso, visite-o com mais curiosidade, nunca leia apenas o texto que encontrar primeiro, muitas vezes logo abaixo você encontrará textos mais interessantes, além disto existem informações sobre o (a) escritor(a) que lhe poderão serem informações valiosas.
Obrigada pela visita e deixe seu comentário.
Volte sempre.
Íris Pereira

Solidão e estilo de vida, exemplo de dignidade.



Ouvira tanto falar em solidão, e estava mesmo na solidão que resolvera ir-me pra bem longe de todos, me sentia chateada, abalada, triste e talvez até jogada, ou demais na parada deles.
Tracei um plano: Ninguém irá sentir falta mesmo. Arrumei tudo que tinha em tecido, do modo mais compacto possível, coloquei alumas coisas mais valiosos em mala maior que tinha e uma coisas que se fosse mais necessário, peguei todo dinheiro que existia que fosse meu de direito e saí muito cedo, na hora que todos já haviam saído para o trabalho, foi fácil, sair sem olhar pra traz, sem dizer adeus, nem precisava. Chamei um táxi, pedi-lhe que me levasse até o posto à beira da rodovia anhanguera e até fui muito naturalmente. Chegando lá vi muitos caminhões. Não senti nada de sentimento diferente, não tremi, nem me emocionei 3 horas depois de espera para conseguir uma carona em uma carreta carregada e lonada, dirigida por um senhor gordo, vermelho e loiro, com chinelo de dedo. Olhou de cima pra baixo, de baixo pra cima e perguntou tem destino certo? Mas que depressa eu respondi: Não pra onde o destino me levar. E subi a mala que ele arrumou lá atrás e a mochila continuava comigo. Apresentei-me e perguntei se queria ver meus documentos, ele com sotaque mineiro respontei: Uai! Pra que? Eu vejo de longe quem é do bem ou do mau e vi que a senhora é do bem, assim fomos tirando uma prosa, contei-lhe minha historia até a metade pois paramos para almoçar num restaurante onde já havia mais caminhoneiro que o conhecia e ela abriu a porta pra mim e ajudou-me a descer, mostrou onde ficava o banheiro e saiu falando com dois outros homens em direção também ao banheiro masculino. Entrado no banheiro vi uma moça que se olhava no espelho e passava batom. Sorriu pra mim e disse chegaram mais duas carretas, você veio em uma, pra onde tá indo? Eu respondi que ainda não tinha resolvido, ela pareceu admirada e falou claramente, eu só quero dar umas e ganhar meu dinheiro e ver se vou pra São Paulo, mas tá difícil carona pra lá, os guardas num deixam, pegam no pé dos motoristas, fiquei quieta, agora que tínhamos entrado em minas e eu nem sabia onde ia ficar, mas fiquei calma, vou escolher a menor cidade que eu achar. Fui lá no restaurante e ele abanou-me a mão chamando-me, arrastou a cadeira e mandou eu me sentar dizendo: Oi, a comida aqui é a mais boa que vamos cumer, aproveite que é barata e só vamos parar agora pra jantar e dormir, olhei admirada, pois nem eu nem ele sabíamos para onde eu ia, mas fiquei quieta. Comi com muito gosto, pois a comida era mesmo a melhor comida caseira que eu comi. Depois de pagar o muito barato mesmo pela farta comida, ele não aceitou que eu dividisse com ele. somos para a carreta entre outros motoristas que não deixavam de me olhar com uma certa curiosidade, mas o Alfredo, era esse seu nome, nem ligava pros olhares, ajudou-me a subir na carreta e fomos mais 4 horas de viajem sem interrupção até parar no posto rodoviário e de divisa de estados, presentou a papelada ao guarda que com um sinal de cabeça perguntou quem é ela , Alfredão? Ele respondeu minha irmã mais veia, vai passar uns dia com eu. Assim liberados fomos mais algumas horas já escurecendo totalmente, vimos luzes era um posto de abastecimento, ele desceu e novamente me ajudou, falou: Tome um banho, depois vamos jantar, é lá atras do posto o restaurante de caminhoneiros, vá lá te espero. Pegou uma bolsa tipo de viajem e se foi pro banheiro masculino. De volta pro restaurante procurei o Alfredão e não o encontrei, fiquei meio sem saber o que fazer, mas pensei: Espere aí, se estou saindo de uma penosa dependência e quero solidão, porque a preocupação? Fui até o salão que estava muito ocupado, uma tv ligada em alto som , se misturava as conversas dos ocupantes. Procurei sentar em uma mesa mais próxima a porta de entrada quando um garçom veio até minha mesa e me falou olhe pode pedir, o Alfredão tá de namorico com a Socorro e abaixando-se a té perto do meu ouvido , falou a senhora entende seu irmão, né? Ha! Sim claro, o que temos pra comer? perguntei.
Já havia me deliciado com a sopa quando ouvi a gargalhada do Alfredo, esse puxava pela mão uma moça negra de uns 20 anos e com o avental do restaurante, ela pareceu não gostar do que ele falou soltou sua mão e foi direto pro trabalho e ele veio ao meu encontro. sorrindo perguntou gostou da comida, Maria? Sim respondi. Fique a vontade para jantar vou lá fora, não esqueça que este jantar sou eu que pago, certo? Saí, fui passeando, olhando lá longe uma cidade, dava pra ver a torre iluminada da igreja e mais pro lado uma torre mais alta com uma luz vermelha. Fui até uma árvore onde tinha um banco improvisado de madeira, sentei-me e fiquei fugindo dos pensamentos, para me sentir só eu não devia pensar, não aqueles pensamentos que insistiam em povoarem minha mente. Ser só é não ter lembranças? Me perguntei, me respondi: Se queres vencer não deves pensar. Então fui contar estrelas. Tomei um susto com Alfredo dizendo já bem perto de mim: Venha deve estar morrendo de sono, já arrumei a cama que fica atras dos assentos. Olhei espantada pra ele, eu nem havia planejado a minha dormida, falei levantando-me: Não ! Eu vou procurar um quarto, deve ter, não tem? Ele simplesmente falou, minha carona, Maria é dada completa, eu nada faço pela metade, sou conhecido por esse meu jeito, você dorme lá e eu durmo na minha confortável rede.
SEGUINDO RUMO AO CAMINHO DA SOLIDÃO:
Uma dormida sem sonhos, pensei ao tentar lembrar o que havia sonhado, mas fui interrompida pelo grandão Alfredão já com uma caneca de café na mão e com um pão na outra, vá se arrumar no banheiro e passe no restaurante, tome seu café, é grátis.
Seguimos viagem e por um tempo eu permaneci calada, quando o Alfredo perguntou se eu queria continuar a contar minha história, ele estava adorando conhecer uma vida dessa. Eu não poupava detalhes, ajudava passar o tempo. Um dia passamos viajando com as rotinas de caminhoneiros até mais uma noite e ao acordar, tomar meu café vi Alfedo dirigir-se à carreta e dizer, temos mais 4 horas e chegarei ao meu destino e você fará sua escolha, entregou-me um mapa e apontou onde ele ia ficar, eu olhei uma cidade localizada bem em cima de um morro, cheia de pedras enormes ao seu redor, perguntei-lhe o tamanho daquela cidade ele falou-me 30000 habitantes , não mais que isto, se pensa em ir pra lá está mesmo procurando solidão e não ser encontrada, lá é pequeno, acolhedor, gente mineira ainda com modos caipiras, mas com coração cheio de esperanças. Lá vivem da roça e de turismo, pois a cidade logo acima dela tem tudo que chama os turistas pra lá e por ficar no caminho muitos param lá e alguns até preferem se hospedarem lá. Mas tem esta outra cidade aqui Santa Maria do Carmo, é pequena, vivem da lavoura, tudo é barato, tem um lindo rio separando a cidade e cachoeiras belas, lá plantam arros na beira do rio e algodão nos morros. Lá você se dará melhor, sei pelo pouco que aprendi de você nestes 3 dias.O som dos freios me deu um gelo no coração, agora sim começaria de fato minha caminhada à solidão. Pronto chegou ao seu destino. Desceu e pegou minha mala, ajudou-me a descer, pegou um cartão no bolso e foi entregá-lo pra mim, mas o recusei, sinto muito Alfredo, minha solidão começa aqui. Nada de cartões nem despedidas.Não olharei pra traz, nem buzine ao se afastar.
UMA CIDADE PERFEITA PARA SE TER UMA VIDA COM ESTILO E TRANQUILIFADE
Uma subida de calçamento feito de pedras, casas com janelas de madeiras abertas para fora em duas folhas, casas pintadas de azul, amarelas, verdes, calcadas de tijolos cor de barro claro quase rosa, paralepípedos se misturavam nos calçamentos e na separação das calçadas. Era lá a principal rua de Santa Maria do Carmo. Um bar com muitas algumas mesas com bancos de madeiras e alguns Poucas pessoas fazendo compras. Uma loja de tecidos com rolos de panos coloridos e estampados mais parecia uma decoração da rua, um armarinho que vendia miudezas, uma casa mais bonita e com jardim com bancos de cimentos e propagandas nos encostos, a porta era mais larga e tinham duas janelas maiores que as natural o nome escrito com letras bem desenhadas na parede principal da frente logo acima da porta: Prefeitura de Santa Maria do Carmo- MG. Lá dentro pela porta eu podia ver que tinha varias salas, mas poucas pessoas se encontrava lá, pelo que vi no estacionamento só uma pessoa de carro estava lá dentro. Continuei subindo a rua puxando minha enorme mala, vi um pequeno sobrado pintado de azul com algumas pequenas as portas e janelas pintadas de lilás. Na parte de baixo ficava uma farmácia e drogaria Dr. Geraldo de Caio. Entrei uma mocinha de cabelos ruivos me atendeu perguntando: Pois não dona, o que a senhora quer? Muito calmamente se dirigia até onde eu estava parada, dei-lhe boa tarde e perguntei-lhe: Onde posso arranjar uma casa pra alugar, ou uma hospedaria? Lá do fundo veio uma vos de homem respondendo pela mocinha, a casa da d. Terezinha tá desocupada, mas é pequena e num é muito boa não, mas tem luz, água e muro. Aí é mesmo disse a Maria Rita apontando lá pro outro lado e dizendo fica atras dessa outra rua ai, apontou pra rua paralela a que estávamos. Novamente o senhor lá no fundo disse a chave tá com seu Elpídio lá na prefeitura, ele que aluga. A senhora vai ficar muitos dias? Eu alguns, ainda não sei, agradeci e fui até a prefeitura. Procurei seu Elpídio e o encontrei fácil, era o secretário do prefeito e filho da dona Terezinha que vivia no sitio e resolveu alugar a casa com os móveis, depois que enviuvou. Isto já fiquei sabendo pelo Elpídio, um homem dos seus 30 anos, magro , branco e de cor pálida. Quer ir ver a casa? Fica aqui nesse rumo atras da outra rua, dizendo isto com os braços gesticulando tudo que falava. Nem pensei duas vezes, fui logo pedindo a chave e perguntei se poderia deixar a minha mala lá, pois estava pesada, mas o Elpídio falou-me com um certo orgulho: Não senhora eu a levarei no carro, imagine, tô aqui pra isto, não tenho nada pra fazer no momento. Entramos no carro e logo estávamos em frente a casa mais simpática que eu vira até agora. Um muro baico na frente indicava que ali ficaria lindo um jardim, uma porta no meu da parede larga com uma janela de cada lado, de madeira e pintadas de amarelo igualmente a porta de madeiras e duas partes. A casa pintada de verde claro, tinha dois degraus para entrar na sala que ficava na janela da direita para quem entrava e o quarto na janela da esquerda, Todas com portas igualmente divididas em duas partes, um corredor levava para uma cozinha enorme com um balcão de madeira separando uma espécie de sala de jantar, uma porta dava saída para um quintal muito simpático com alguns mamoeiros já todos carregados, um pomar havia sido muito bem cuidado ali. O banheiro ficava do lado de fora embaixo de uma varanda de telha romana. Todo o quintal tinha muro, diferentemente dos demais vizinhos. Coisa rara por ali, pois não havia visto ninguém na rua. Acertei com seu Elpídio em quanto ficaria o aluguel e quanto eu teria que adiantar, ficamos acertados, ele ficou de trazer-me o contrato e os recibos. O contrato por enquanto ele iria dar-me um mês para experiência. Tão logo ele saiu fui ver direitinho todos os detalhes. Fiquei a imaginar, como que eu tive tanta sorte assim em arranjar tudo tão certo na primeira tentativa? Era mesmo para eu ser uma pessoa solitária.No quarto tinha suas camas de solteiros, uma com o colchão melhor, um guarda roupas de solteiro, uma penteadeira, tudo em mogno tipo antigo, fui até a sala, lá encontrei duas cadeiras de balanço de madeira e palhinha na cor preta, uma cadeira namoradeira e um sofá de dois lugares e duas almofadas com tecido de seda verde lodo e franjas amarelas. Não existia quadros, nem enfeites algum, na cozinha tinha um fogão à gaz branco de 4 bocas, um armário com alguns utensílios e panelas. na sala dividida pelo balcão tina uma mesa de madeira em mogno com 4 cadeiras. Não havia enfeites nem quadros. Fui até a varanda e entrei no banheiro, observei um vaso sanitário branco, uma pia branca, um chuveiro funcionando bem, as paredes todas internas eram também verde claro. Bom eu já estava instalada, precisava pensar agora um modo de ganhar dinheiro, como iria me alimentar, se odiava cozinhar, mas certamente nisto também eu me viraria, enquanto pensava na parte financeira, afinal eu tinha me aposentado há poucos meses, ou melhor 3 meses, era apenas um salario e meio, mas ia dar ser solitária não deve custar caro e eu pretendo nunca ficar parada vou procurar me virar. Por falar nisto estou sentindo fome. Resolvi descer e ir até o armazém, lá compraria algumas coisas e já tomaria pé das coisas que eu precisaria comprar. Olhei no alpendre e vi pendurados: Vassoura, Pá, rodos, borracha para molhar jardim, enxada, e dois baldes. Achei tudo organizado demais, parecia que tudo fora preparado pra mim. Do meu sistema e modo. Tudo limpo. Desci era 5 horas, fui encontrando pessoas que vinha da roça, todos me cumprimentavam, alguns até pareciam saber que eu estava morando ali. Um ônibus parou e dele desceram algumas mulheres e homens que vinham certamente de outra cidade. Pessoas que trabalhavam fora.
PRIMEIRA NOITE DE SOLIDÃO
Depois de fazer um lanche com pão, ovo, presunto e queijo branco e tomar um suco natural de uva, de garrafa é claro. Fui desfazer a mala, quanta coisa idiota, quanta roupa que eu nem cheguei a vestir, sapatos novos, mas o que mais me entristecia era o dato que não me achava dentro daqueles vestidos, não pareciam nada comigo. Tive uma ideia: Um bazar, farei um bazar, venderei tudo baratinho, e comprarei roupas como eu gosto, ou mandarei fazer, ou eu mesma farei, isto eu os farei. Eu estava entusiasmada, nem vi as horas passarem, havia comprado um relógio despertador. Não vou ficar sem fazer minhas caminhadas. Fui colocar meus lençóis na cama, vestir meu baby doll, escovar os dentes, fechar bem as portas e verificar tudo antes de dormir. Minha primeira noite em minha casa, na minha cama e só. Nem demorei dormi e acordei com um rumor de pessoas passando na calçada, eram trabalhadores indo pras roças. 5 horas da manhã? Durmo mais um pouco e levanto para caminhar. A vida segue enfrente e tenho muito que fazer.Nem sonhos tive. Preparei-me pra caminhada, passeio protetor solar, coloquei meu chapéu de abas pequenas e bem feminino. Fechei a porta e fui, passei por algumas pessoas, estudantes, trabalhadores, pessoas comuns e todos me cumprimentavam com um bom dia. No final de minha rua encontrei um uma quitanda e que vendia também verduras e legumes, parei e perguntei ao senhor onde era o melhor lugar para se fazer caminhada, este com um pacote de bolachas caseiras na mão respondeu-me logo perto ali duas ruas pra direita segue enfrente a senhora encontra o lago, é lá que o povo anda pela manhã e a tardinha. A senhora tá de passagem por aqui ou vai morar? Olhei para o senhor baixinho, magro, de óculos de muitos graus, vestido de camisa de tecido e calça social, já meio batida, mas bem limpas e passadas, tinha um ar simpático e não estava fofocando , apenas curioso como todos estavam, respondi-lhe com uma pergunta: O senhor teria café para eu beber antes de caminhar? É que vou morar aqui e ainda não me organizei direito, alias até estou organizada demais para quem chegou ontem, e dei uma risada que foi acompanhada por seu Dener, que prontamente me indicou a entrada e mandou que eu me servisse de café que estava em uma garrafa térmica e foi logo oferecendo bolachas e eu servi-me de duas, tomei o café em silêncio e ao terminar falei-lhe coloque em minha conta, meu nome é Maria Pereira e moro no número 268. Atá mais tarde. saí a procura do lago, fui encontrando mais pessoas que se encaminhavam pra lá e assim dei minha primeira caminhado no lago são Mateus, lugar simplesmente magnifico, deslumbrante, cheio de amoreiras e oliveiras, bancos, e alguns instrumentos para se fazer alongamento, um pequeno parque para a criançada brincarem, fiquei a me imaginar no paraíso. Era tudo muito arrumadinho demais, estava tudo dando certo demais para quem saíra de tão longe deixando apenas um bilhete dizendo: Deixo todos em paz e quero que me deixem viver meus dias em paz. Adeus. No espaço de uma hora terminei minha caminhada, fiz meus alongamento e subi de volta pra casa, precisava saber como faria minha alimentação. Passei novamente na quitanda que desta vez tinha algumas pessoas fazendo compras, esperei discretamente do lado de uma banca de verduras, por alguns minutos pois logo seu Dener perguntou-me se ia levar algumas verduras, não sr. só queria uma informação respondi e logo dizendo: Onde se vende marmita, tipo comida caseira? Ele sem vacilar falou na casa da dona Marilene, vizinha da prefeitura, comida melhor da cidade, nem no restaurante tem comida igual e mandar entregar, pode ir lá e diga que eu indiquei que ela faça um preço bom pra senhora, viu? Tá certo seu Dener, farei isto. Obrigada, olhe depois acerto o café, ele disse apenas deixe disto o café foi uma gentileza da casa e quando quiser compras qualquer dos meu produtos, fique a vontade que eu abro uma caderneta em seu nome, pronto fica mais fácil assim, né mesmo? Sim, obrigada. Fui direto pra casa, uma subida e tanto, alias todas as ruas eram subidas, o lago ficava formando um cento, as ruas nasciam lá e terminavam no alto com a última rua para depois se tornas plano e com um imenso cruzeiro com a imagem de Jesus crucificado fixado em um enorme e forte quadrado de concreto, tinha um escrito em latim e a data da benfeitoria. Uma corrente protegia o o cruzeiro e uma mureta protegia todo o quadrado de onde se podia ver toda a pequena cidade, era o lugar mais visitado pelos visitantes, de lá se via uma enorme campo de plantio de arros, no brejo formado pelo rio quando de sua cheia, era época de colheita, mas a direita se via uma mata fechada, mas dava pra se notar algumas enormes pedras estre as árvores, um amarelo, roxo, branco se fazia notar com exuberância sobressaindo da mata, eram os ipés que mais pareciam arco íris querendo surgir por estre o verde da enorme mata. Este era o final de minha rua, rua da Luz, 268-Centro-MG. Era lá a minha morada solitária.
Tudo arrumado de acordo com a solidão: Marmita já escolhida de acordo com meu paladar, entregue na varanda caso eu não estivesse. Recibos de alugueis preparados sempre de acordo com o proprietário paga-se mora, não paga sai, nada de contrato, só um demostrativo do que se encontrava na casa e estado que se encontrava a casa. Danificou, estragou arruma-se por conta. Justo, muito justo. Qualquer alteração falar com o responsável: Sr Elpídio Laranjeiras Silva.
Quinto dia na cidade, já me sentia a vontade até a lanchonete, os carrinhos de cachorro quente, o bar da nega Ana que ficavam ao redor do lago, do lado de fora da proteção do calçadão. conheci também a pracinha onde a partir da sexta feira se montavam barracas de várias produtos, fui até lá e perguntei pra uma senhora como se poderia arranjar uma barraca daquelas, ela prontamente foi falando sem parar, mas deu-me todas informações. também mostrou-me uma que estava desocupada, abusando um pouco da sua disposição perguntei se lá já havia bazar de roupas e sapatos, coisas usadas, não! falou-me com todo certeza, não! Tem não. E é uma boa ideia. Vá logo até a prefeitura resolver a documentação, tudo aqui se resolve lá. Querendo brincar perguntei lá também é a delegacia? Ela soltou uma gargalhada contagiante, deu-me um tapa nas costas e informou: A delegacia fica na rua do colégio estadual Dr. Eduardo Siva Pinto e fica na rua Tiradentes. Agradeci e fui atá a prefeitura. Novamente encontrei com o Elpídio, mas desta vez era com uma moça que tinha que resolver tudo, a Lidiane uma loira oxigenada igual eu. Muito solícita porém seria. arrumou tudo e em duas horas estava eu com meus documentos de vendedora em mãos faltando um atestado de antecedentes criminais que eu mesma fui tirar. um dia e tudo estava pronto, chaves nas mãos e eu ia arrumar minhas mercadorias. Passei pela loja tem de tudo, comprei cabides , de todos os tamanhos e modelos até redondos, comprei mais algumas coisinhas. Seu Raimundo, falei no meu cearense paulista, o se não sabe quem teria uma arara usada pra me vender? Ele riu e perguntou, arara? ave? Eu ri e expliquei o que seria uma arara, um pau com pés para pendurar bastante roupas, rimos os dois e este falou-me para esperar um bocadinho enquanto ele fazia um telefonema, esperei dai uns minutos ele retorna dizendo que tem a arara pra me vender, fizemos negociação, juntamos tudo e ele mandaria entregar na minha barraca lá pras 4 horas. Eu era todo entusiasmo, seria independente! Não teria que ouvir tantos desaforos e humilhações, poderia até ter meus desgostos, minhas contrariedades, mas seria de pessoas que eu não amava. Não doeria tanto.
Quinta feira: Minha barraca estava aberta, linda de viver, fiz com a ajudo do Elias um rapaz de uns 15 anos que servia mesmo ali nas barracas pra quem precisasse de seus serviços, qualquer serviço, era pau pra toda obra. Estou de vestido longo, minha roupa predileta, vestido de alças, sandálias calçado confortável e de pequeno salto, cabelos soltos e de maquiagem levemente verde, sobressaindo meus olhos claros e realçando meus loiros cabelos nos ombros. Ainda sou uma mulher bonita nos meus 60 anos, mas assusto-me com um grito do Elias que vem em minha direção e mãos na cintura, todo alvoroçado: Bonito está toda barraca, tudo em ordem, mas falta o principal d. Íris: O nome , o nome! Eita! Né mesmo que esqueci desse detalhe menino. E agora como vamos providenciar isto já são 5:20 logo começarão chegar meus clientes, como faremos? Sabe quem pode fazer isto pra nós? Hora! Não me desvalorize, diga-me o nome e como quer o formato das letras e antes de fechar já terá sua placa instalada aqui todo charmosa. Pois bem escrevi o nome e encarregue o de escolher as letras e a cor.
Meu primeiro negócio: Tinha que ter muitas energias positivas. Fiz uma oração e fiquei atenta aos primeiros clientes, mas quem veio mesmo foi a Neide fazer-me uma visita e com sua vos estrondosa e risonha elogiou o tanto que pode e falou você vai vender é tudo hoje, quando não até domingo acabou tudinho. Fiquei feliz pelo sua força, afinal era minha ideia que pela primeira vez havia enfrentado só.
Todas mulheres passavam e perguntavam, olhavam, elogiavam, mas iam embora sem comprar nada, mas de repente duas mocinhas se aproximaram e experimentaram as bijuterias, os lenços e uma blusa. Compraram algumas coisas. Fui benzer o dinheiro ante de colocar no caixa, uma caixa de papelão que ficava por baixo de uma pacote de toalhas bordadas que comprei no armarinho tem de tudo.Vendi mais duas sandálias, era um preço e fiz as duas por menos. A feira acabava a meia noite, tudo tinha que está fechado antes da uma hora. Era já 10:40 quando ouvi o grito do Elias todo esbaforido mostrando a placa que merecidamente estava linda. Surpresa fiquei só com os olhos cheios de lágrimas ao ler em numa tábua verde com letras brancas: Bazar Íris Horizonte, o formato das letras dava a impressão que estavam lá longe saindo do horizonte. Ele vendo-me emocionada tomou atitude e foi pregando a placa no lugar de mais destaque que ele já havia escolhido. Elogiei seu trabalho e fomos acertar já todo o serviço que ele me havia prestado durante todo tempo.
Eu mesma coloquei todas as coisas no seu devido lugar e fechei a Banca. Orgulhosa dei uma olhada para o nome. Senti que estava renascendo no novo horizonte. Ali seria minha vida, solitária e feliz vida.
Ao voltar da caminhada dei uma olhada no quintal e vi que tinha muitos mamões prontos para serem colhidos, andei pelo quintal, achei uma vara com um saco na ponta, imaginei pra que servia e fui colher os mamões. Fui até a quitanda e negociei todos eles. Comprei frutas e bolachinhas. com minha lista de compras fui ao mercado e comprei o material de limpeza, café, adoçante, velas, fósforos, pois odeio ficar no escuro, caso a luz apague, tenho sempre uma vela comigo. Comprei leite lembrei que a geladeira estava vazia, comprei algumas coisas a base de leite, queijos, sucos de de caixinha e pedi pra que entregassem.
A feira estava dando certo, meu estoque estava ficando baixo, os vestidos todos já vendidos só restando algumas calças jeans e blusas, mas as sandálias e sapatos se foram todos. Tinha algumas bijus, panos de pratos, toalhas, quadrinhos, algumas coisas compradas lá mesmo em Sta Maria do Carmo. Eu precisaria ir ao um mescado grande de uma cidade grande. Me informei com a Ângela minha vizinha do lado esquerdo da banca e ele adiantou-me que na terça feira tinha excursão para Belo Horizonte para compras. Lá eles aceitavam cartões, deu-me todas informações e fiquei por dentro do esquema. Mas uma coisa me apertou: Cartões de crédito? Oxente! Eu os tinha deixado todos lá na antiga morada, não pretendia trazer nada que fosse me deixar dependente.Perguntei onde ficava o banco do Brasil ou a caixa econômica. Ela falou rua presidente Kennedy. logo no começo, cabe onde é? Sei , respondi e agradeci. Tirei a tarde para me organizar meu lado financeiro e econômico. Fiz transferência dos meus recebimentos da aposentadoria, abri conta na Caixa econômica, Depositei uma certa quantia na poupança e na conta a fim de ter direito a um cartão de crédito e pedi urgência, mostrei-lhe meus documentos de comerciante. Ao voltar com
meus documentos, o atendente olhava-me com curiosidade, e perguntou-me: Senhora já consta que a senhora tem cartões de credito em conta conjunta, eu o cortei com educação porém firme: Eu posso ter minha conta e meus cartões separadamente em meu nome, sr? É exatamente isto que quero meu cartão com meu nome, entendeu? Posso ter um cartão provisório até segunda feira? Por favor.
Voltei um tanto aborrecida, ainda ia demorar para ser solitária, mas já estava no caminho certo.
Meus vizinhos de casa do lado direito eram pessoas discretas e quietas, era formados por um casal e dois filhos de 18 e 20 anos, ambos solteiros e estudantes, trabalhavam na lavoura. Os da casa do lado esquerdo eram um casal de de seus 60 e 70 anos tinhas 8 filhos todos casados, 14 netos e 3 destes filhos moravam em Goiânia, 5 moravam aqui em Santa Maria do Carmo alguns trabalhava no pequeno comercio, outro era o dona da panificadora e os as irmãs trabalhavam com ele. O casal de dicavam em casa o tempo todo só saiam para a igreja à noite de domingo, terças e quintas. Um povo tranquilo, mas barulhentos quando todos juntos.Na frente quase todos moradores trabalhavam e quem não trabalhava vivia limpando a calçada, a casa e o quintal , pois quase todas as casas tinham quintais enormes. O terreno era 40X15, alguns tinham muitas árvores frutíferas e florais. Na esquina da direita morava uma enfermeira casada com um mecânico, não tinham filhos. Na esquina da esquerda morava um advogado casado com uma cabeleireira dona do melhor salão de beleza da cidade.alguns outros moradores me chamavam atenção uma turma de 4 jovens que faziam faculdade na cidade vizinha e que moravam aqui por ser mais barato o custo de vida.
Já completava um mês de minha solidão, que na verdade andava muito movimentada: Ainda não estava fixa uma rotina, era caminhada pela manhã, arrumar casa, final de semana a banca que estava vendendo muito bem, fiz compras maravilhosas em BH, fui ao cinema no domingo anoite, lembrei-me então de comprar um computador, ainda não tivera sentido tanta falta de um, mas resolvi e fui até a cidade vizinha , lá era grande e tinha muito movimento, encontrei depois de muito pesquisar, uma teve das mais modernas e um notbook, alem de uma colchas de cama, lençóis e toalhas pra mesa e de banho. A cidade era grande mesmo e parecia em bom desenvolvimento, não tive dificuldade em comprar o que pretendia. Fiz no cartão em alguns pagamentos, dei como referencia minhas duas vizinhas de banca. Comi alguma coisa leve por lá mesmo e só voltei pra casa no ônibus das oito horas. Já estava cansada, tomei banho e fui deitar-me, vivia cansada com tantos afazeres, por isto não tinha tempo para perceber que estava só nem falta da teve e do computador havia sentido.
Inventei de fazer um jardim, chamei o Elias e pedi-lhe conselhos, este prontamente me ajudou, fizemos um jardim lindo, coloquei até lâmpadas led, plantei flores e cactos, fizemos uma bonita mistura, colocamos pedras brancas separando cada canteiros, e mini rosas de um lado e do outro na passagem pra casa. Ficou lindo meu jardim, o Elias é um rapaz muito inteligente e de muitas qualidades, por isto não tem emprego fixo, pois está sempre com trabalho. Aconselhei o a pagar a previdência como autônomo assim não teria problemas quando na idade para aposentar. Ele achou uma ótima ideia.
Chegaram minhas compras, meu computador e minha televisão. Fui em busca do instalador de antenas.
Nova vida, tudo novo. A tv me deixaria a par todos acontecimentos pelo mundo, afinal eu queria a solidão, não a desinformação. O pc me colocaria no mundo virtual, onde de uma certa maneira controlamos nossa solidão, só acessamos quem queremos e não damos satisfações dos nossos atos aos amigos virtuais. E também gosto de escrever, senti falta nestes quase dois meses. O importante é que estou bem, ninguém me perturbou, ninguém me desrespeitou. Aqui sou a Íris da banca Íris Horizonte, aquela senhora de cabelos loiros, bem cuidada, simpática, cumprimenta todos com educação, usa no dia a dia vestidos longos e sandálias de saltinhos baixos, está sempre com uma discreta maquiagem e um sorriso feliz nos lábios e nos olhos. Faz caminhadas no lago todas as manhãs com roupas de moletom, tênis e chapéu, ela tem uma coleção deles. Ela mora na casa verde claro com portas e janelas amarelas e tem um jardim mais bonito da cidade. Mora só e nunca a vimos receber visitas, mas uma vez por mês vai a Goiânia ou Belo horizonte, gosta de ler no lago aos domingos, vai muito à locadora e já sabemos que é escritora. Não tem amigos, mas todos gostam dela.
Ela uma mulher de estilo próprio e se é solitária é uma solitária feliz.
Íris Pereira


Nenhum comentário:

Sobre a Autora

Minha foto
Ribeirão Preto, SP, Brazil
3 partes de uma mulher: Maria da qual escrevo seu passado, seus sentimentos e suas verdades. Irismar já sem a Maria, companheira, amante, irmã, mãe, avó, sogra e amiga. Finalmente Iris a parte que reflete sobre as duas e tenta escrever o que descobre entender destas duas mulheres que são tão diferentes.

Seguidores