Servo da Liberdade
março 27th, 2010
foto gilberto rodrigues
Perdi-me de mim mesmoNão sei em que circunstânciasNem tampouco por que razõesE numa busca errante para reencontrar-mePerdi-me novamente por veredas e sertõesPerdi-me por artérias congestionadasPor profundas cavernas do coraçãoEntre desejos vis e uma obcecada imaginaçãoAté não saber-me não me sabendo indo a esmo…Insegura alma nômade sem saber qualquer saberEm pânico por ver-se apenas num caminharPrecisava assegurar-me de que não me perdiaEntão me tornei senhor absolutoDo nada de qualquer coisa e todas elasEscravizei quem queria apenas amar-meFiz escravos quem me era queridoFiz-me forte fiz-me temidoFiz-me dono e senhor dos meus desejosProjetados em quem deveres me deviamCondição de quem me viu imaginá-los escravosTornei-me tão senhorDe escravos tão escravizadosMas na contradição do que a vida éVi-me dependente de tantos servosSubmetido então aos seus desmandosEscravo então de meus escravosQue com ou sem consciênciaFizeram-se então meus senhores…Tornei-me um senhor escravizadoA servidão ávida de servirPara livrar-se desta condiçãoTorna-se o norte de quem se faz senhorE o senhor seguro da obediência cegaCai inerte sob o jugo de quem um diaPensava dominar e determinar os atosDe quem se fazia dominado e sem protestosNem escravos nem senhoresSão servidos sem serviremOu servem sem serem servidosNão há escravos nem senhoresSomos escravos e somos senhoresEscravos ou senhoresSenhores ou escravosO meu saber de mimOu o meu nada sei me estabeleceQuem é o escravoE quem é o senhorNa dialética das relaçõesOnde a transgressão e a servidãoSão as marcas das vivências cotidianas?
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